quinta-feira, 6 de dezembro de 2012






Marcas de lama 


Ando pela rua em que fui criado vagarosamente,
olhando a cada detalhe, percebendo que pouca coisa mudou.
As lembranças me vem de forma rápida, as quais peço, CALMA.
Meus pés travam um pouco.
Meus olhos liberam suas águas...
Por que sei que não verei novamente muitos que vi brincar de carrinho.
Chegando perto de minha antiga casa percebo que as marcas de lama no muro vizinho ainda continuam...
Há um grande silêncio.
Vem a minha frente um menino magrelo das orelhas grandes, e chama alguém que não consigo identificar qual nome seria, não demora muito e vejo um menino falando engraçado em cima do muro, conversando com o outro.
Parece-me bom, mas acabo percebendo que sou eu no muro.
Esfrego os olhos inúmeras vezes olho para o mesmo lugar e vejo que está vazio.
Me zango, entristeço, lamento.
Saber que o menino magrelo, viu, tomou, fumou, usou, roubou, matou, morreu.
A ausência me parece mais perto do que qualquer sentimento,
não entro na casa volto-me, rapidamente fugindo de todo um coração em guerra,
a imagem de crianças correndo comigo ainda vem à cabeça, pude ver a todos ainda pequenos,
alegres meninos, sonhadores, sem nem um jeito com as meninas.
Ainda me vem à cabeça todos eles.