Tati Bernardi
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Tati Bernardi
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
Entre tantas outras
Coube ser a mim, ser a sem
valor,
talvez o valor de uma
comida.
Quem sabe de uma casa limpa.
Se um dia eu ainda a tiver.
Coube a mim ser mãe, sem se
quer poder tê-los por perto.
Agarrou-me pelas vestes que
me sobraram,
levei comigo o que cabia em
uma bolsa de plástico.
Segundo outros, voltei a ser
a …
Quem eu nunca fui, passei a
vê-los de longe quando os olhava entrando na escola,
tive vergonha que me vissem
suja, desajeitada, que tivessem vergonha de mim.
Me lembro de certa vez que
meu mais novo de longe olhou nos meus olhos e
sorriu.
Me afastei e deixei que as
lagrimas limpassem meu rosto, de noites dormidas na rua.
Tive que me submeter a fazer
o que nunca precisei, passei a ser o que nunca seria.
Passei pelo amor
rapidamente, ficou com medo da dor que viria logo atrás.
Os amo devastadamente, só
não me deixaram ser quem eu precisava ser,
há quem precisava de mim,
minhas raízes, meus frutos são os meus alimentos.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Marcas de lama
Ando pela rua em que fui criado vagarosamente,
olhando a cada detalhe, percebendo que pouca coisa mudou.
As lembranças me vem de forma rápida, as quais peço, CALMA.
Meus pés travam um pouco.
Meus olhos liberam suas águas...
Por que sei que não verei novamente muitos que vi brincar de carrinho.Chegando perto de minha antiga casa percebo que as marcas de lama no muro vizinho ainda continuam...
Há um grande silêncio.
Vem a minha frente um menino magrelo das orelhas grandes, e chama alguém que não consigo identificar qual nome seria, não demora muito e vejo um menino falando engraçado em cima do muro, conversando com o outro.Parece-me bom, mas acabo percebendo que sou eu no muro.
Esfrego os olhos inúmeras vezes olho para o mesmo lugar e vejo que está vazio.
Me zango, entristeço, lamento.
Saber que o menino magrelo, viu, tomou, fumou, usou, roubou, matou, morreu.A ausência me parece mais perto do que qualquer sentimento,
não entro na casa volto-me, rapidamente fugindo de todo um coração em guerra,
a imagem de crianças correndo comigo ainda vem à cabeça, pude ver a todos ainda pequenos,
alegres meninos, sonhadores, sem nem um jeito com as meninas.
Ainda me vem à cabeça todos eles.
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Big Boys Don't Cry - EXTREME
(tradução)
Quem é que disse que grandes garotos não choram
você disse que nunca teve uma ferida
Bem, ouça isso é uma mentira
Somos todos indefesos
Quando tivermos dor
Eu disse garotos e garotas são iguais sim,
Nós somos os mesmos
É meu jeito
Eu gritarei quando quiser
Grandes garotos não choram
Como se nada pareça importar
Grandes garotos não choram
Então porque eu
Grandes garotos não choram
Porque nada neste mundo
Sempre significa
Grandes garotos não choram
Ei, eu não estou envergonhado
Para falar de uma ferida
Está em meu olhar
Porque uma outra ferida
Fará alcançar seu lugar
(tradução)
Quem é que disse que grandes garotos não choram
você disse que nunca teve uma ferida
Bem, ouça isso é uma mentira
Somos todos indefesos
Quando tivermos dor
Eu disse garotos e garotas são iguais sim,
Nós somos os mesmos
É meu jeito
Eu gritarei quando quiser
Grandes garotos não choram
Como se nada pareça importar
Grandes garotos não choram
Então porque eu
Grandes garotos não choram
Porque nada neste mundo
Sempre significa
Grandes garotos não choram
Ei, eu não estou envergonhado
Para falar de uma ferida
Está em meu olhar
Porque uma outra ferida
Fará alcançar seu lugar
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
A UM AUSENTE
Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste
Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Lágrimas Ocultas
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que rí e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que rí e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca
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